EDUARDO SABBI
Por um cuidado contínuo, sem fronteiras ou vaidades, onde a dignidade da pessoa idosa seja a causa comum.
Depois de mais de duas décadas trabalhando com residenciais geriátricos, me arrisco a sonhar alto. No cenário exigente em que vivemos, é preciso que agentes públicos, legislativos, fiscalizatórios, empresários, gestores das instituições e técnicos sentem na mesma mesa redonda onde o centro é a pessoa idosa. É assistencial ou da saúde? Moradia ou clínica? Pública, privada ou filantrópica? Quem sofre mais com a polarização que parece cegar os players é quem precisa: a pessoa idosa no centro deste cabo de guerra, tendo seu corpo esticado para todos os lados.
Torço pelo reconhecimento desse sistema enquanto um continuum do cuidado, pelo fim do perigoso jogo de empurra-empurra, pelo compartilhamento de responsabilidades, por mais empreendedores identificados com o tema e menos turistas despreparados atraídos pelo sedutor marketing do mercado da longevidade.
Sonho por idosos sendo acolhidos em espaços que reconheçam sua identidade, valorizem sua história e propiciem espaços de ampla existência para o resto de suas vidas. Há muito trabalho pela frente e para isso precisamos abrir os olhos e arregaçar as mangas. Se não é preciso dormir para sonhar, é acordado que nossos sonhos se tornam realidade.