- Saúde e Segurança no Trabalho em ILPI no Brasil: Desafios e Perspectivas
- A Qualidade do Atendimento Começa Pela Segurança dos Trabalhadores
- Os Riscos Psicossociais e a Cultura do Medo
- Mitos Sobre o Trabalho dos Profissionais da Saúde e Assistência Social
- Saúde e Segurança no Trabalho: a Importância de Cada Trabalhador
- Formar Para Prevenir: Por Que a Capacitação é Tão Importante?
- O Profissionalismo Anda de Mãos Dadas com a Segurança
- Transformando as ILPI: A Importância do Envolvimento de Todos
- Conclusão
Saúde e Segurança no Trabalho em ILPI no Brasil: Desafios e Perspectivas
Inspirado no artigo de Rosalia Tribolo, Assistente Social Especialista, Formadora, publicado na revista Cura.
Traduzido e adaptado para a realidade Brasileira por: Aline Salla.
A segurança no trabalho deveria ser uma prioridade central em qualquer organização, principalmente na área socioassistencial, mas frequentemente é negligenciada. Como formadora com mais de dez anos de experiência na capacitação de profissionais em legislação de segurança do trabalho, ouço relatos alarmantes. Constantemente, encontro profissionais que descrevem condições de trabalho que são flagrantemente irregulares. Muitos me procuram buscando novos empregos, insatisfeitos com o tratamento recebido e exaustos com sua alocação e organização do trabalho, frequentemente em situações de elevado estresse ocupacional.
Muitos deles vêm com um misto de cansaço e desilusão. Contam sobre as longas jornadas, a falta de equipamentos adequados e um ambiente de trabalho que pouco se importa com seu bem-estar. A grande maioria está ali porque quer mudar de vida, fugir de condições indignas e de um sistema que os desgasta, não apenas física, mas emocionalmente.
A Qualidade do Atendimento Começa Pela Segurança dos Trabalhadores
Os relatos que ouço são, na maioria das vezes, comuns a diversos setores: casas de acolhimento, instituições de longa permanência, hospitais, centros de atendimento social. Lugares que deveriam ser modelos de humanização e cuidado, mas que frequentemente negligenciam seus próprios trabalhadores. O mais chocante é perceber que há uma cultura de silenciamento, onde a preocupação com represálias impede que os profissionais exijam melhores condições de trabalho.
Há muitos gestores, por sua vez, que se dividem entre os que realmente entendem que um ambiente seguro e organizado impacta diretamente na qualidade do atendimento, e aqueles que veem a segurança apenas como mais um gasto desnecessário.
A segurança do trabalhador em ILPI deve ser encarada como prioridade institucional, o que exige investimentos em treinamento contínuo, supervisão ativa não como punitiva e adequação estrutural. Conforme a Norma Regulamentadora NR-32, que trata da segurança e saúde nos serviços de saúde, a exposição a agentes químicos, biológicos e ergonômicos deve ser minimizada através de protocolos específicos.
Entretanto, na prática, muitas ILPI ainda adotam práticas inseguras, como a falta de rotulagem em produtos de limpeza, aumentando o risco de intoxicações e queimaduras. Além disso, a falta de supervisão eficaz permite que normas de biossegurança sejam ignoradas, elevando a incidência de acidentes e doenças ocupacionais.
Pesquisas publicadas indicam que ILPI que realizam treinamentos regulares e seguem as normas regulamentadoras reduzem significativamente os incidentes de trabalho e melhoram a eficiência operacional. Dessa forma, a supervisão interna deve ser encarada como um suporte estratégico, e não como um mecanismo punitivo.
Os Riscos Psicossociais e a Cultura do Medo
Outro tema que sempre surge é o ambiente hostil que muitos enfrentam no dia a dia. Agressões verbais e físicas são frequentes, não apenas por parte de residentes e familiares, mas entre os próprios colegas de trabalho. O “trote”, que se pensava ser uma prática de quartel, é descrito como amplamente difundido, essa cultura de intimidação e exclusão de funcionários novos, ainda é comum.
Frases como “não tente mudar nada, sempre fizemos assim” ou “se você quiser continuar aqui, precisa se adaptar” demonstram o quanto a resistência à mudança é um obstáculo para melhorias. A omissão também é um problema grave: há quem prefira não interferir ao ver um colega em dificuldade. E esse ciclo de silêncio e conformismo acaba custando a saúde mental e física de muitos trabalhadores.
O resultado? Profissionais exaustos, assoberbados, muitas vezes doentes, mas que continuam aceitando condições abusivas por medo de perder o emprego.
Mitos Sobre o Trabalho dos Profissionais da Saúde e Assistência Social
Os assistentes sociais, por exemplo, lidam com riscos pouco discutidos. Trabalham em ambientes onde enfrentam a insatisfação de usuários que esperam respostas rápidas de um sistema que nem sempre tem recursos para atendê-los.
Não raro, tornam-se alvos de agressões. E, apesar disso, a maioria trabalha sem nenhum tipo de protocolo de segurança, sem botões de emergência, sem um segundo profissional para dar suporte.
Entre os relatos mais comuns, destacam-se situações como:
- Assédio moral de supervisores ou colegas, com frases desmotivadoras como “aqui sempre foi assim”.
- Excesso de jornadas de trabalho, com trabalhadores assumindo dobras de turno ou retornando em dias de folga.
- Resistência às mudanças e inovação, prejudicando a implementação de práticas mais seguras e eficientes.
Esses fatores não apenas comprometem a saúde mental dos profissionais, mas também afetam a qualidade do cuidado prestado aos idosos.
Muitos profissionais, tanto da área da saúde quanto da assistência social, enfrentam essas adversidades em silêncio, o que não apenas prejudica o seu bem-estar, mas também compromete a qualidade do atendimento prestado aos que mais precisam.
Saúde e Segurança no Trabalho: a Importância de Cada Trabalhador
Abordar a saúde e a segurança no trabalho com operadores que têm entre 30 e 40 anos, com picos acima dos 55 e diversas experiências de trabalho, inclusive no âmbito socioassistencial, não é apenas descrever os conteúdos da legislação, mas entrar no mérito das modalidades de trabalho, dos comportamentos que os trabalhadores assumem nos diversos contextos operacionais.
Para conseguir comunicar a importância do indivíduo no sistema de segurança, é necessário promover também na sala de aula a sua participação ativa. E é escutando, refletindo sobre o significado de perigo, risco e dano referidos especificamente ao contexto operacional de cada função e figura profissional, que se podem lançar as bases para um necessário “sentir-se parte ativa” do sistema a partir da ação operacional, em direção à organização em que se opera, em um serviço que coloque verdadeiramente a saúde das pessoas no centro.
Formar Para Prevenir: Por Que a Capacitação é Tão Importante?
Sempre me impressiona a reação dos profissionais quando abordo técnicas seguras de trabalho. Muitos se surpreendem ao descobrir que fazem algo de maneira errada há anos, simplesmente porque nunca foram orientados corretamente.
Falo sobre as fichas técnicas de produtos de limpeza e descubro que os trabalhadores transferem substâncias químicas de galões industriais para frascos sem identificação. Explico sobre os riscos de inalação, contaminação cruzada, queimaduras. E eles me olham assustados, como se fosse a primeira vez que percebem o perigo a que estão expostos.
Além dos riscos físicos, a saúde mental dos trabalhadores de ILPI também merece atenção. O estresse ocupacional, a sobrecarga emocional e a falta de reconhecimento profissional contribuem para quadros como a Síndrome de Burnout, que impacta a qualidade do serviço prestado.
Casos de assédio moral, isolamento e resistência à inovação são frequentemente relatados. Profissionais relatam pressão para assumir turnos extras sem planejamento adequado, o que compromete tanto sua qualidade de vida quanto o atendimento aos idosos.
Diante desse cenário, as instituições devem investir na criação de um ambiente organizacional mais acolhedor, promovendo o diálogo, a valorização dos profissionais e medidas concretas de suporte psicológico. ILPI que adotam essa abordagem apresentam maior retenção de talentos, menor absenteísmo e um ambiente mais harmônico, refletindo diretamente na experiência dos idosos atendidos.
O Profissionalismo Anda de Mãos Dadas com a Segurança
Em cada formação que ministro, gosto de fazer uma provocação:
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É profissional quem grita pelos corredores para chamar um colega?
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É profissional quem faz a higiene de um paciente sem luvas, ou usa três pares porque “dura mais”?
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É profissional quem carrega seringas na mão em vez de usar o carrinho adequado?
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É profissional quem ignora as instruções de uso de um elevador de transferência e só percebe que a bateria está descarregada no meio do procedimento?
Essas questões sempre geram reflexão. Porque segurança não é um luxo, é parte fundamental do trabalho bem feito.
Transformando as ILPI: A Importância do Envolvimento de Todos
O foco deve ser a construção de uma cultura de segurança dentro das ILPI, onde cada trabalhador compreenda sua importância e participe ativamente das mudanças necessárias. Para isso, algumas estratégias são fundamentais:
- Capacitação Contínua – Treinamentos frequentes em saúde e segurança no trabalho são essenciais para conscientizar os profissionais sobre riscos e boas práticas. Instituições que promovem cursos regulares conseguem reduzir significativamente os incidentes de trabalho.
- Promoção da Ergonomia – Investir em equipamentos adequados, como cadeiras ergonômicas, elevadores de transferência e superfícies antiderrapantes, reduz o esforço físico dos trabalhadores e previne acidentes.
- Apoio Psicológico e Supervisão Humanizada – Criar espaços para escuta e suporte emocional é essencial para reduzir os impactos do estresse ocupacional. Programas de apoio psicossocial e gestão humanizada do ambiente de trabalho promovem um clima organizacional mais saudável.
- Gestão de Riscos e Protocolos de Segurança – Implementar e auto fiscalizar as normas de segurança, como a NR-32 (que regula a saúde e segurança em serviços de saúde), garantindo que todos os procedimentos sejam seguidos corretamente.
- Engajamento da Equipe – Envolver todos os profissionais na construção de soluções é essencial. O diálogo entre trabalhadores, gestores e familiares dos residentes pode contribuir para a melhoria das condições de trabalho e atendimento.
Conclusão
Garantir condições adequadas de saúde e segurança no trabalho em ILPI não é apenas uma obrigação legal, mas um compromisso ético e social com os trabalhadores e idosos. Transformar essa realidade exige uma mudança de cultura institucional, na qual a prevenção e a valorização profissional sejam prioridades.
As ILPI precisam despertar para a importância da segurança e do bem-estar no ambiente de trabalho. Quando gestores e equipes se unem nesse propósito, os benefícios são evidentes: menores taxas de acidentes, trabalhadores mais engajados e idosos recebendo um atendimento mais digno e humanizado.

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