Como o profissional de Educação Física promove saúde integral, autonomia e dignidade para pessoas idosas institucionalizadas
Por que as ILPI precisam abrir as portas para a área da Educação Física?
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) têm como missão oferecer acolhimento e cuidados contínuos aos residentes. No entanto, ainda enfrentam desafios significativos no que diz respeito à promoção da saúde integral e da qualidade de vida. A inserção do profissional de Educação Física na equipe multidisciplinar tem se mostrado uma estratégia eficaz de intervenção terapêutica não medicamentosa, promovendo benefícios que vão muito além do condicionamento físico.
A atuação desse profissional contribui diretamente para a preservação da autonomia, manutenção da independência, estímulo à socialização e implementação de atividades de lazer, tanto internas quanto externas. A atividade física regular, adaptada ao público idoso, também exerce papel importante no estímulo cognitivo e emocional, reduzindo os riscos de declínio funcional, sarcopenia e perda da independência. Nesse sentido, abrir as portas das ILPI para a Educação Física é abrir espaço para uma abordagem mais humanizada, centrada no envelhecimento ativo e saudável.
Como é o cotidiano dentro da ILPI?
Busco sempre criar um ambiente de conexão, memória, respeito e pertencimento. Para residentes com maiores perdas cognitivas ou dificuldades de compreensão, realizo uma anamnese familiar aprofundada, com o objetivo de resgatar referências significativas, como nomes de familiares e médicos, que possam ser utilizados como ponte de comunicação e adesão à rotina de exercício físico regular. Embora não garanta eficiência, utilizo essa ferramenta para aproximar essa pessoa idosa de maneira cuidadosa, respeitando suas individualidades e limitações.
A rotina é dividida em dois momentos principais: antes e após o café da tarde. Iniciamos com grupos de residentes com grau II de dependência funcional, compostos por pessoas com a mesma condição de assimilação. Durante esse período, o acolhimento é primordial. Além de manter a cordialidade, chamando cada participante pelo nome, estimulamos a escolha de músicas marcantes em suas histórias de vida, sempre explicando o que será feito ao residente, tocando quando lhe for permitido, dando início às atividades físicas e lúdicas. Há momentos em que é preciso repetir o convite em horários diferentes, quando ocorre manifestação de resistência na abordagem terapêutica, para compreender a dimensão situacional. Assim, utilizamos artifícios que transmitam calma, acesso e confiança.
O respeito à vontade do residente da ILPI deve ser garantido e resguardado. Caso a recusa persista por um longo período, o caso é compartilhado com a equipe multidisciplinar, além da família, para traçar estratégias mais eficazes. O atendimento aos grupos com grau I de dependência funcional ou com ausência dela é realizado com um programa de exercício físico para manutenção da força, equilíbrio e marcha. Também incluímos avaliações periódicas, como a Força de Preensão Palmar (FPP) e o Timed Up and Go (TUG), essenciais para o acompanhamento da evolução funcional dos residentes.
O que motiva minha atuação?
Minha motivação nasceu aos 17 anos, logo após concluir o ensino médio. Por iniciativa própria, decidi me dedicar ao cuidado com a população idosa. Com o tempo, compreendi de forma mais profunda que esse público, muitas vezes negligenciado e invisível aos olhos da sociedade, sofre com a escassez de políticas públicas eficazes e com o acesso limitado a serviços de saúde de qualidade.
A partir dessa constatação, escolhi ser parte ativa da mudança. Percebi que, por meio do meu trabalho, posso contribuir de forma significativa para a saúde, autoestima e dignidade dessas pessoas. A Educação Física, nesse contexto, é mais do que uma profissão — é uma missão.
Qual é a sensação de ver a superação dos alunos em cada atividade proposta?
Acompanhar a evolução dos residentes é uma experiência profundamente transformadora. Ver uma pessoa que antes não conseguia se levantar sozinha realizar esse movimento com segurança, ou testemunhar o brilho nos olhos de alguém que voltou a sorrir ao ouvir uma música marcante do passado, é algo indescritível.
Cada conquista, por menor que pareça, é uma vitória compartilhada. É a prova concreta de que um trabalho realizado com empatia, conhecimento técnico e afeto gera resultados reais. Essas superações renovam minha energia, reafirmam meu propósito e me lembram que envelhecer com dignidade é um direito de todos — e que eu posso ser um instrumento para isso.
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Como o profissional de Educação Física promove saúde integral, autonomia e dignidade para pessoas idosas institucionalizadas
Por que as ILPI precisam abrir as portas para a área da Educação Física?
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) têm como missão oferecer acolhimento e cuidados contínuos aos residentes. No entanto, ainda enfrentam desafios significativos no que diz respeito à promoção da saúde integral e da qualidade de vida. A inserção do profissional de Educação Física na equipe multidisciplinar tem se mostrado uma estratégia eficaz de intervenção terapêutica não medicamentosa, promovendo benefícios que vão muito além do condicionamento físico.
A atuação desse profissional contribui diretamente para a preservação da autonomia, manutenção da independência, estímulo à socialização e implementação de atividades de lazer, tanto internas quanto externas. A atividade física regular, adaptada ao público idoso, também exerce papel importante no estímulo cognitivo e emocional, reduzindo os riscos de declínio funcional, sarcopenia e perda da independência. Nesse sentido, abrir as portas das ILPI para a Educação Física é abrir espaço para uma abordagem mais humanizada, centrada no envelhecimento ativo e saudável.
Como é o cotidiano dentro da ILPI?
Busco sempre criar um ambiente de conexão, memória, respeito e pertencimento. Para residentes com maiores perdas cognitivas ou dificuldades de compreensão, realizo uma anamnese familiar aprofundada, com o objetivo de resgatar referências significativas, como nomes de familiares e médicos, que possam ser utilizados como ponte de comunicação e adesão à rotina de exercício físico regular. Embora não garanta eficiência, utilizo essa ferramenta para aproximar essa pessoa idosa de maneira cuidadosa, respeitando suas individualidades e limitações.
A rotina é dividida em dois momentos principais: antes e após o café da tarde. Iniciamos com grupos de residentes com grau II de dependência funcional, compostos por pessoas com a mesma condição de assimilação. Durante esse período, o acolhimento é primordial. Além de manter a cordialidade, chamando cada participante pelo nome, estimulamos a escolha de músicas marcantes em suas histórias de vida, sempre explicando o que será feito ao residente, tocando quando lhe for permitido, dando início às atividades físicas e lúdicas. Há momentos em que é preciso repetir o convite em horários diferentes, quando ocorre manifestação de resistência na abordagem terapêutica, para compreender a dimensão situacional. Assim, utilizamos artifícios que transmitam calma, acesso e confiança.
O respeito à vontade do residente da ILPI deve ser garantido e resguardado. Caso a recusa persista por um longo período, o caso é compartilhado com a equipe multidisciplinar, além da família, para traçar estratégias mais eficazes. O atendimento aos grupos com grau I de dependência funcional ou com ausência dela é realizado com um programa de exercício físico para manutenção da força, equilíbrio e marcha. Também incluímos avaliações periódicas, como a Força de Preensão Palmar (FPP) e o Timed Up and Go (TUG), essenciais para o acompanhamento da evolução funcional dos residentes.
O que motiva minha atuação?
Minha motivação nasceu aos 17 anos, logo após concluir o ensino médio. Por iniciativa própria, decidi me dedicar ao cuidado com a população idosa. Com o tempo, compreendi de forma mais profunda que esse público, muitas vezes negligenciado e invisível aos olhos da sociedade, sofre com a escassez de políticas públicas eficazes e com o acesso limitado a serviços de saúde de qualidade.
A partir dessa constatação, escolhi ser parte ativa da mudança. Percebi que, por meio do meu trabalho, posso contribuir de forma significativa para a saúde, autoestima e dignidade dessas pessoas. A Educação Física, nesse contexto, é mais do que uma profissão — é uma missão.
Qual é a sensação de ver a superação dos alunos em cada atividade proposta?
Acompanhar a evolução dos residentes é uma experiência profundamente transformadora. Ver uma pessoa que antes não conseguia se levantar sozinha realizar esse movimento com segurança, ou testemunhar o brilho nos olhos de alguém que voltou a sorrir ao ouvir uma música marcante do passado, é algo indescritível.
Cada conquista, por menor que pareça, é uma vitória compartilhada. É a prova concreta de que um trabalho realizado com empatia, conhecimento técnico e afeto gera resultados reais. Essas superações renovam minha energia, reafirmam meu propósito e me lembram que envelhecer com dignidade é um direito de todos — e que eu posso ser um instrumento para isso.