Por: Gianluca Ottomanelli – Diretor tecnico sociosanitario.
Traduzido por: Aline Salla
Artigo original: Revista Cura.
Nota Editorial da Revista Cuidar:
Cuidar exige tempo — e, para quem atua na enfermagem, especialmente nas instituições que acolhem pessoas idosas, essa verdade se impõe no dia a dia, muitas vezes em meio à correria, à escassez de recursos e aos desafios de uma rotina exigente.
No Brasil, onde as ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) são regidas por normas como a RDC nº 502/2021 da Anvisa, os profissionais lidam com cenários diversos: realidades regionais distintas, limites estruturais e demandas que só crescem com o envelhecimento da população.
A leitura a seguir, embora trate de questões universais, pode — e deve — ser interpretada à luz da nossa realidade brasileira. Esperamos que este conteúdo traga reflexões úteis e inspire caminhos possíveis para fortalecer o que já é feito com tanto esforço, empatia e compromisso dentro das ILPI de todo o país. Que sirva de apoio a quem dedica tempo, cuidado e presença todos os dias — mesmo quando o tempo parece não ser suficiente.
Otimização do Tempo na Assistência de Enfermagem
A gestão do tempo no âmbito da assistência de enfermagem é um aspecto fundamental dentro das estruturas socioassistenciais, onde o bem-estar dos pacientes é prioritário. Mas existem estratégias-chave para uma gestão eficaz. Quais são os desafios únicos que os(as) enfermeiros(as) enfrentam na gestão do tempo? E quais são as estratégias práticas úteis para garantir um equilíbrio entre a quantidade de trabalho e a qualidade da assistência?
O tempo é um recurso irrecuperável
Na prática de enfermagem, o tempo não é apenas um recurso a ser utilizado, mas representa uma oportunidade valiosa para oferecer uma assistência centrada no paciente, permeada de atenção e cuidado autêntico.
Uma abordagem reflexiva à gestão do tempo é essencial, pois o tempo é um recurso irrecuperável, e cada momento passado com os pacientes é um ato de cuidado verdadeiro, não apenas uma lista de tarefas a serem cumpridas.
Estratégias de otimização do tempo
As estratégias fundamentais na gestão do tempo de enfermagem se articulam por meio de práticas direcionadas:
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Distinguir entre o que é importante e urgente é crucial para garantir a qualidade da assistência, concentrando-se nas atividades prioritárias;
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O uso consciente de ferramentas de planejamento, como agendas e aplicativos específicos, é valioso para organizar o trabalho de forma coerente e adaptável;
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A gestão eficaz das reuniões desempenha um papel central na otimização do tempo, permitindo um planejamento e uma análise eficientes;
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Atribuir tarefas com sabedoria permite que os enfermeiros se concentrem nas atividades mais complexas, melhorando a qualidade geral do trabalho;
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O planejamento holístico, que considera cada aspecto da cadeia assistencial, é fundamental para uma gestão eficaz e completa do tempo;
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A subdivisão de projetos complexos em fases mais gerenciáveis favorece maior precisão e eficiência na execução;
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A atribuição de tarefas específicas surge como chave para o sucesso na assistência de enfermagem, permitindo maior produtividade e qualidade no cuidado.
O Tempo Que Passa e Aquele Que Precisamos Recuperar
No turbilhão frenético da vida moderna, o tempo torna-se um recurso cada vez mais precioso e, ao mesmo tempo, fugaz. Encontramo-nos constantemente em uma corrida contra o tempo, perseguidos por uma sensação incontrolável de falta de tempo. Mas por que essa constante sensação de nunca ter tempo suficiente para fazer o que consideramos importante?
Em um mundo onde a sociedade do noroeste e aqueles que aspiram a imitá-la estão esmagados sob o peso da correria diária, o estresse relacionado à falta de tempo parece ter se tornado uma doença generalizada. Estamos constantemente imersos em uma frenesi de atividades, ocupados com mil compromissos, sem um momento a perder. Mas qual é a raiz dessa sensação de falta de tempo?
Quando o tempo parece nunca ser suficiente
A digitalização acelerou nossos ritmos de vida, nos bombardeando com um fluxo constante de informações, solicitações e estímulos. Estamos imersos em uma realidade digital que nos empurra além de nossos limites físicos e mentais. Nossa capacidade de gerir o tempo, os relacionamentos e as informações está sob constante pressão, o que coloca em questão a nossa própria humanidade.
E, no entanto, apesar da clara evidência de nossos recursos e capacidades limitados, continuamos a acreditar que é possível estender indefinidamente nosso tempo e nossas habilidades. Nessa busca frenética por ampliar o tempo, aceleramos tudo: das conexões com a internet à tecnologia móvel. Mas essa corrida rumo ao progresso tecnológico tem um preço alto a pagar.
Nossa incapacidade de gerir eficazmente o tempo se traduz em estresse crônico, burnout e depressão generalizada. Somos forçados a viver cada dia com a sensação de ter que recomeçar do zero, sem nunca encontrar um momento de descanso ou estabilidade. A vida torna-se um ciclo perpétuo de estresse e cansaço, desprovida de momentos de verdadeira contemplação e prazer.
Aprender a desacelerar para sair do estresse
No entanto, existe uma saída desse vórtice de estresse e ansiedade. Precisamos tomar consciência da nossa dependência do tempo acelerado e da tecnologia invasiva. Precisamos aprender a desacelerar, a contemplar o mundo ao nosso redor, a redescobrir o prazer das relações humanas autênticas.
Em um contexto socioassistencial, onde o tempo é um recurso precioso e cada instante conta, devemos fazer um esforço conjunto para dar prioridade as pessoas idosas e às suas necessidades. O cuidado com os idosos não pode ser reduzido a uma mera sequência de atividades a serem realizadas rapidamente. Requer tempo, atenção e compaixão.
Uma abordagem diferente para otimizar o tempo no trabalho
Para recuperar o tempo perdido e dar o tempo que as pessoas merecem, devemos revolucionar nossa abordagem à vida e ao trabalho. Precisamos aprender a delegar, compartilhar responsabilidades e estabelecer limites claros. Devemos reconhecer que o verdadeiro valor da vida não está na quantidade de atividades realizadas, mas na qualidade dos relacionamentos humanos e na experiência compartilhada.
A mudança não será fácil, mas é necessária. Devemos nos libertar da prisão do tempo acelerado e abraçar um novo modo de viver, baseado na consciência, na gentileza e na compaixão. Só assim poderemos realmente dar o tempo que as pessoas merecem e recuperar o tempo que perdemos no redemoinho da modernidade.
Gestão do tempo: variáveis a considerar
Considerar variáveis influentes como idade, nível de escolaridade e estado civil é essencial para adaptar as estratégias de gestão do tempo às necessidades específicas de cada contexto, promovendo uma assistência personalizada e centrada na pessoa.
Otimizar o tempo na assistência de enfermagem é um desafio complexo, mas essencial. Uma abordagem equilibrada – baseada em estratégias direcionadas e uma gestão cuidadosa dos recursos temporais – pode melhorar a satisfação da equipe, a qualidade da assistência e a eficiência geral das estruturas socioassistenciais.
E você, como tem otimizado seu tempo na rotina da ILPI?
Compartilhe suas experiências, estratégias e desafios nos comentários.
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One Comment
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Bom dia!
O texto nos faz refletir e irmos em busca de estratégias que realmente funcionem.Porque enfermeiro numa ILPI é o profissional mais requisitado, mais necessário e muitas vezes tão desvalorizado. Comentei isso essa semana com meu patrão/RT/CEO da instituição onde trabalho. Na Instituição o enfermeiro atua em tudo,é chamado pra resolver tudo,dá dicas e discuti casos com equipe multi profissional, mas não fazem nem mesmo uma simples homenagem, nada nem no dia do enfermeiro. O que nos faz pensar em qual a força do nosso trabalho. Porque é claro, que sem esse profissional e falo bom profissional dentro de uma ILPI os cuidados ficam incompletos .
Bom dia!
O texto nos faz refletir e irmos em busca de estratégias que realmente funcionem.Porque enfermeiro numa ILPI é o profissional mais requisitado, mais necessário e muitas vezes tão desvalorizado. Comentei isso essa semana com meu patrão/RT/CEO da instituição onde trabalho. Na Instituição o enfermeiro atua em tudo,é chamado pra resolver tudo,dá dicas e discuti casos com equipe multi profissional, mas não fazem nem mesmo uma simples homenagem, nada nem no dia do enfermeiro. O que nos faz pensar em qual a força do nosso trabalho. Porque é claro, que sem esse profissional e falo bom profissional dentro de uma ILPI os cuidados ficam incompletos .